terça-feira, 23 de outubro de 2018

Um todo.

Nós somos um todo, eles dizem...

Mas, ao acordar de manhã e sair correndo para não se atrasar, se enfurecer por não ter sentado no banco do ônibus ou por ter esquecido os fones de ouvido.

Ao dizer palavras rudes para aqueles que te magoaram só para poder desabafar algo que, mesmo havendo muita importância não vai fazer diferença alguma, além de criar um ciclo ainda maior de mágoas. 

Ao deixar de dizer o que você sente suavemente sem que isso seja uma ameaça ou culpa de outro.

Ao esquecer de dizer alguma coisa boa, mas ter na ponta da língua algo para reclamar.


Ao fazer tudo isso, essas atitudes embrutecidas e outras ainda piores,  fica a questão... Que TODO seria esse?

Pessoas leem livros, vão em palestras, veem filmes baseados em fatos reais e dizem palavras bonitas de que tudo tem um propósito e por fim, no fim de tudo isso não conseguem entender...


Esse todo ao qual entramos faz do nós, gados adormecidos, anestesiados;
Procurando por algo que disseram ser bom.

Olhando num espelho e não se vendo.
 Não vemos todas as rugas, olheiras, cicatrizes, irritações e ansiedades que flashes escondem, que textos subscrevem de forma que fiquem bonitos, aceitáveis.

Todos querem ser bonitos aos outros olhos! Olhos de quem?
Aqueles, marejados e angustiados com maquiagens, mascaras e cores?

Somos esse todo imperfeito, desiludido, frustrado e desencorajado, mas que impecavelmente mente.

Mente sobre o que sente
Sobre o que come
Sobre o que é

Esse todo é capaz de tudo.

E quando você menos espera, quando confortavelmente se ajusta e se afasta disso tudo, está lá.

você 
disfarçando sua alma.
Fugindo do seu eu.
Distorcendo sua imagem.

Para ele, o todo que é capaz de tudo. Até de engolir você.



Não quero ser esse todo, nem quero que esse todo seja parte de mim.