sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Sem carona

Foi matando aos poucos
Como que em doses de um remédio  que cura
Ela foi tomando a sua morte
Lentamente a cada despertar
Amargou o gosto 
Não queria tomar.

Escreveu isso, e a cada vez que leu
Uma facada no peito
Embrulho no estômago
Por se permitir
Por se destruir
Por sempre querer tão pouco e ter menos ainda

Mania essa, de se reduzir
Fingir que não sente intensamente
Alguém decidiu ser bom assim?
Parece a mesma história contada mil vezes
Repetindo a cada pedaço 
Coração partido, estraçalhado
Míngua na culpa do sentir
Jogou tudo pro alto
Pulou no vento tentando pegar
Mas ventos não permitem carona
Ela sabia que não dava mais
E depois de tudo
Ainda dói
A luta por sentir
Por não sentir
Por omitir
São como demônios esperando por ela.

Será que foi feita pra isso?
Escrever frases tristes de amores permissivos?
O que sabemos do amor?
Pra ela só rimava 
Bom, 
Você já sabe...
Com dor.