segunda-feira, 22 de junho de 2020

Qual o sabor? - Engano.

A buzina tocava lá em baixo sem parar.
Desci.
— Oi
 Oi, na próxima vez fica esperta, tô buzinando aqui tem um tempo já.
 – Oi?
– A pizza, moça.
– Mas eu não pedi pizza.
— Vicheeee! Você não é a Bruna? (Começou a mexer no celular)
— Não.
— Eitaaa, me desculpe, foi engano!
— Ok.
Subi uns 10 degraus da escada.
— Hei, moça!
Você não quer ficar com a pizza? — Te vendo pela metade do preço.
— E a pessoa que pediu?
— Até chegar lá vai estar muito fria então, eu peço outra e vou ao lugar certo.
— Tá, quanto é?
— 20 conto.
Bati a mão no bolso, por milagre tinha umas notas de um troco que guardei… Dei o dinheiro, falei obrigada e subi mais degraus, feliz com o engano.
— Que sorte a minha! Milhares de casa e ele bateu aqui, era pra ser!
Coloquei a pizza na mesa, abri. Era de aliche.
Odeioooo aliche!!!
Fiquei brava! Decepcionada.
Não questionei o sabor...
Na verdade, não questionei nada.
Depois pensei: é isso que dá aceitar enganos.
Eles são assim, disfarçados de boas ideias e no fim, te fazem é passar raiva.
Eu devia ter dito: na próxima vez, preste atenção no endereço.
É sempre assim com enganos, você sabe exatamente o que falar, só que depois, quando já não tem mais como.

Essa noite me mostrou quantos enganos eu tinha acumulado sem nem gostar e pior, me sentindo "a sortuda".

Na próxima vez, grito aqui de cima:
Não pedi nada!

Quem sabe assim paro de acumular essas coisas que nem gosto e que insistem em me decepcionar.