Mãe completa.

Ainda quando menina

Na rua de baixo de casa

Havia uma família completa

Pai, mãe, filho, filha, papagaio e cachorro

Na rua de baixo de casa

Morava a família que eu queria ter...

Quando menina, eu só queria ser da família completa. 

Foi adulta que percebi, que na minha mãe tinha uma família inteira. 

Ela era: mãe, pai, médica, curandeira, amiga, meu amor e também a macumbeira.

Foi adulta que percebi, que tudo que faltava na minha família para ser completa, tinha nela.

Quando menina, eu tinha ilusão de me encaixar mas, quem nunca quando menina?

Agora vejo a importância de sermos diferentes

Agora vejo a importância de ressaltar, essa diferença 

Ainda quando menina na minha casa tinha: uma bruxa e cartomante, um bebum inofensivo, uma macumbeira, uma magricela, um cachorro chamado piloto e umas galinhas que tinham nomes de gente.

Tinha dificuldades e faltas

Tinha amor e as vezes rancor.

Hoje na minha casa só tem eu e ela, a família não está completa mas tem ela que sempre foi completa.

O bebum continua inofensivo e mora na mesma casa de antes.

A magricela mora lá no frio (ela deixou o Bolota, ele também não está mais, foi fazer a família completa dele)

A bruxa cartomante amada e engraçada foi descansar.

Hoje na minha casa está eu e ela.

Ela, não precisa mais ser minha família completa, mas preenche todas as lacunas que um dia eu achei que existiam.

*Para minha mãe que hj se completa ainda mais* 

Feliz aniversário!

Te amo.

Edit: Ela nasceu dia 10/11/57 mas foi registrada dia 17/12.

É, ela tem dois aniversários e aí de não ter presente e parabéns nos dois... 

Tudo bem mãe, vc merece!

Paraíso invisível.

Sonhou com o passado 

Ao acordar, repetiu para si: 

–Não é sobre amor.

Queria o mundo e o tinha;

De alguma forma não percebia.

Estamos indo para outro lugar agora;

Esse lugar desconhecido, antes seria o pior dos pesadelos.

É o que temos! 

Sonhou com o passado.

Sobre o hoje, será que vamos nos arrepender?

Não era sobre amor. 

Não era sobre amor.

Mas, talvez agora seja!

Aquele amor que não conhecíamos;

Aquele, que insistia em dizer que sempre esteve ali.

Sonhou com o passado.

Mas, agora somos rostos sem feições;

Somos, máscaras do que fomos um dia.

Parece tudo muito distante, difícil;

Sem fim.

Hoje, nossos demônios comemoram;

Dançando de alegria. 

Saíram dos armários e escuros da alma.

Se alimentam de nós, por partes 

Ironicamente, aquelas que fingiamos que não tinhamos.

Se alimentam de tudo que fomos;

De tudo que somos.

Longe de mais 

Felizes de mais 

Fortes de mais 

Aqui, desmoronamos.

Perdemos o paraíso invisível e se quer sabíamos que o tínhamos.

Não é sobre amor.

* Foto: Paraíso de Tintoretto.

Qual o sabor? - Engano.

A buzina tocava lá em baixo sem parar.
Desci.
— Oi
— Oi, na próxima vez fica esperta, tô buzinando aqui tem um tempo já.
 – Oi?
– A pizza, moça.
– Mas eu não pedi pizza.
— Vicheeee! Você não é a Bruna? (Começou a mexer no celular)
— Não.
— Eitaaa, me desculpe, foi engano!
— Ok.
Subi uns 10 degraus da escada.
— Hei, moça!
Você não quer ficar com a pizza? — Te vendo pela metade do preço.
— E a pessoa que pediu?
— Até chegar lá vai estar muito fria então, eu peço outra e vou ao lugar certo.
— Tá, quanto é?
— 20 conto.
Bati a mão no bolso, por milagre tinha umas notas de um troco que guardei… Dei o dinheiro, falei obrigada e subi mais degraus, feliz com o engano.
— Que sorte a minha! Milhares de casa e ele bateu aqui, era pra ser!
Coloquei a pizza na mesa, abri. Era de aliche.
Odeioooo aliche!!!
Fiquei brava! Decepcionada.
Não questionei o sabor...
Na verdade, não questionei nada.
Depois pensei: é isso que dá aceitar enganos.
Eles são assim, disfarçados de boas ideias e no fim, te fazem é passar raiva.
Eu devia ter dito: na próxima vez, preste atenção no endereço.
É sempre assim com enganos, você sabe exatamente o que falar, só que depois, quando já não tem mais como.

Essa noite me mostrou quantos enganos eu tinha acumulado sem nem gostar e pior, me sentindo "a sortuda".

Na próxima vez, grito aqui de cima:
Não pedi nada!

Quem sabe assim paro de acumular essas coisas que nem gosto e que insistem em me decepcionar.

Valor

Entenda uma coisa menina: 

Você é uma peça valiosa, valor esse o qual nem podemos mensurar.

Quando se der conta disso, nunca mais vai querer estar em lugares onde não conseguem entender seu valor.

Você se lembra? 

Se lembra, das vezes a qual você esteve onde entendiam o quão rara e valiosíssima você é?

De como sua luz era mais forte, brilhante, confiante...

Se lembra? 

Se lembra, também de todas as vezes que foi parar num lugar sujo e escuro? 

Lá, haviam pessoas que não valorizavam o que você é.

Lá, você deixou de ter valor e ficou na boca de algum qualquer, como se nada fosse.

Lá, te enganaram e fizeram você acreditar que não merecia estar em lugar melhor.

Nesse lugar sombrio, nem tu mesma se dava o valor.

Nesse lugar, você teve atitudes que não condiziam com você ainda assim, você as fez e se arrependeu disso, não é? 

Esse lugar as vezes até te dá saudade, em partes era até engraçado, divertido, acolhedor...

Sabe de uma coisa? 

Esses dias mesmo eu vi uma postagem, em algum lugar que agora não me lembro onde, algumas pessoas contavam sobre peças valiosas que compraram em brechós, peças que valiam muito mas, que pagaram poucos reias por elas...

Consegue perceber o que estou dizendo? 

Você não pode ir parar em brechós, que embora ajam muitas coisas interessantes lá, sendo tu, uma peça valiosa, não saberão seu valor ali, em meio ao monte de tralha. Não é seu lugar.

Podem colocar coisas boas lá, sempre tem algum achado mas, vc quer mesmo se enfiar ali? 

Você quer mesmo ficar a vida esperando que lhe avaliem, sendo que a maioria ali nem sabem nada sobre valor? 

Sabe qual a diferença entre você e as peças do brechó, além do quanto vale? 

Aquelas coisas foram parar ali mas, não foi por vontade própria.

Se você for parar ali, será. 

Essa é a diferença.

É uma puta diferença, menina! 

Sabe uma coisa engraçada sobre brechós? Podem ser chiques, com vitrines e ambiente bonitos, colocam flores e combinações... Mas, todos nós sabemos que as coisas que estão ali já não tem o mesmo valor que antes, sabemos que por algum motivo foram parar ali. 

E repito. Mesmo havendo coisas de valor inestimável ali, no meio de tudo, são só coisas baratas...

Mas você não é. Nunca foi e nunca será. 

Tente se lembrar da frase que vou escrever agora aqui pra você: 

Um diamante, sempre será um diamante!

Mas, ele será um diamante valioso só para quem sabe reconhecer.

E como você sabe, tem muita pedra falsa por aí, sendo tratada como original e muitas pedras originais em lugares sombrios e sem graça por acreditarem em algum avaliador decadente.

Ou vc se dá conta do seu valor e vai com suas próprias pernas para lugares que combinam com você ou passará vez ou outra caindo na mão de avaliadores decadentes que, aos poucos vão tirando seu brilho até que você mesma passe a acreditar que não tem valor algum...

A nuvem.

Há uma nuvem que em algumas madrugadas se revela mais nítida
Ela paira por cima de todos, ela tampa os sentimentos bons
Não sei exatamente a quanto tempo ela está ali
Mas sei que todas tempestades são formadas nela
Um dia ela falou comigo
Disse que é nuvem de todos
E não é de ninguém
Ela não é sobre clima
Ela é sobre tempo
O tempo perdido e parado ali
Disse também, que somos nós que a fazemos densa ou translúcida
E eu não quis acreditar

Há essa nuvem em mim, em nós
Ela transforma, cobra e questiona:

Que preço pagamos?
Por um céu mais limpo
Por um ar mais puro
Por menos carros na rua

Que preço pagamos
Por mais tempo com a família
Saudade dos verdadeiros
Por apreciar a própria companhia

Quanto vale o amor?

Entendemos sobre mensagens não enviadas
Sobre palavras não ditas
Sobre todas as palavras faladas
Sobre pessoas vazias
Sobre escuridão

Aprendemos a olhar mais a fundo?
A nuvem está sempre aqui

Ela espera sonhos mórbidos
Chagas profundas
Ela também adverte sobre o breu
De quem não entende 

De quem usa e mente  
De quem causa escuridão no outro sem arrependimento
Ela avisa que nada mudará.

Despedida.

Essa é uma despedida

De tudo que não aconteceu

Dessa vez não leva nada nos bolsos 

Não queria mais nem saber 

O que realmente aconteceu

Testes foram feitos

Resultados nos trouxeram aqui

A voz não parava, ela não parava...

Ela dizia: Seu lugar não é aí.

Angustia prorrogada 

Lágrimas despencaram 

Era uma agonia passada 

Perdoe-se sussurrou baixinho 

Para que ela mesma pudesse ouvir

Copos virados, mentes apagadas, sem cuidados, sem abraços

O desmazelo de antes, sempre esteve aqui.

Sem desculpas, sem perdão

Furacão, fúria, deslizamento

As vezes precisamos de um pouco de terra pra acreditar

Aceitar

Enxergar 

Tudo ali solidificado na terra com gosto amargo

Nem sempre tudo é como parece

Nem sempre tudo é como ouvimos

E quase nunca é como queremos acreditar

Promessas quebradas, costumam ser doloridas

Ela sabia, ainda assim acatou

Da varanda dava pra ver o desgosto

Sempre se lembrou da luz ao longe

Era um lugar especial

Com luzes e fumaça 

Sussurrou pro mar, pra chuva, pros anjos

Pedia purificação

Ela veio

E não veio só

Trouxe consigo a verdade, desilusão.

Sem carona

Foi matando aos poucos

Como que em doses de um remédio  que cura

Ela foi tomando a sua morte

Lentamente a cada despertar

Amargou o gosto 

Não queria tomar.

Escreveu isso, e a cada vez que leu

Uma facada no peito

Embrulho no estômago

Por se permitir

Por se destruir

Por sempre querer tão pouco e ter menos ainda

Mania essa, de se reduzir

Fingir que não sente intensamente

Alguém decidiu ser bom assim?

Parece a mesma história contada mil vezes

Repetindo a cada pedaço 

Coração partido, estraçalhado

Míngua na culpa do sentir

Jogou tudo pro alto

Pulou no vento tentando pegar

Mas ventos não permitem carona

Ela sabia que não dava mais

E depois de tudo

Ainda dói

A luta por sentir

Por não sentir

Por omitir

São como demônios esperando por ela.

Será que foi feita pra isso?

Escrever frases tristes de amores permissivos?

O que sabemos do amor?

Pra ela só rimava 

Bom, 

Você já sabe...

Com dor.

Sobre perdão ou prisão? É sobre se libertar.

Por trás das grades tem um sol que brilha

Tem um coração quente 

Tem emoções

Por trás das grades tem risadas leves 

Tem carinhos doces

Tem sonos calmos 

Tem sonhos realizados

Tem perdão.

Nos aproximamos das grades e tocamos canções tristes 

Tocamos o intocável

Choramos por estar divididos.

Nos aproximamos das grades e sentimos o calor da vida 

A graça da coragem 

A vontade de acreditar 

Mas, ainda estamos atrás delas 

Nos torturando por tudo que nos privamos 

Entre grades e janelas de sentimentos que, nas grades insistem em nos travar.

Somos espíritos livres 

E não há grades que, sem nossa vontade consiga nos segurar.

Vá até a grade, passe pelo portão sem chave 

Que trancado com pensamentos, são os mesmos que vão te salvar. 

Temos tudo que precisamos 

Temos mais que esperamos 

É só querer deixar as grades

É só querer se libertar.

Sobre trilhos

Entre latas e pessoas

Entre gritos e apitos 

Somos. 

Acorde cedo, vá trabalhar

No fim do mês as contas não podem esperar

Vivemos trabalhando pra no fim morrer devendo.

Somos trilhos das competências, exigências, aparências 

Somos trilhos dos antigos, dos que estão por vir

Carregando expectativas, que não sabemos bem onde vão desembarcar

Somos trilhos de cargas pesadas, mas que nem sentimos até que, o peso comece a nos curvar.

E ai de você reclamar!

Não adoeça, não extraia o dente que dói

Não falte, não reclame, não discuta

É isso que se chama luta?

Valemos menos do que recebemos

Somos o que temos

O que foi? Não pare, trabalhe ainda mais!

Meritocracia eles gritaram! 

Mas, o homem trabalhou a vida toda e ainda não tem onde morar.

Todos os ventos te levam a ter

E viver sem ter é perecer

Carro, casa, roupa, celular

Quando você acha que já tem tudo, o vento sopra pra algo novo a comprar

Viramos maquinas sem alma, sem trato mas com contrato

O importante é faturar

Onde anda o que somos? 

Pagam-nos; para nos matar.

Geminiano

Expectativa.

Estava escuro la dentro, ainda assim tirou os disfarces que vestia, partiu.

Garoa.

Névoa na pupila e amargo no coração. 

Leveza de ser quem se é, foi o que a fez ficar.

Enquanto sucos eram derramados.

E músicas românticas eram cantadas 

Uma vontade descontrolada de falar sobre a bagunça que estava...

Caos 

Solidão

Medo

Angústia 

Eu vi ali.

Eu poderia ouvir a noite toda

Sua bagunça me fez rir, e sua mania de achar que estava fazendo a coisa certa, de forma errada, me fez  falar...

Eu andei por aí, fechando os olhos pra tudo que via

Engolindo rancores, carregando sacos de paliativos 

Eu queria ter alguém, você querendo ser alguém...

Sua melhor roupa estava batida, encardida, surrada, cansada;

Massss sua alma estava saltitante diante de mim. (Um dia ainda te conto como a minha estava)

Um grito.

Que você não soltou mas eu ouvi.

Um beijo.

A pergunta sobre mim... (Ali, se você não me percebeu nem sabia responder exatamente o que era, eu depois de tanto tempo sem usar, já não lembrava como falar, ser, descrever)

Não me importei, ali também não era exatamente você.

Te levei até o carro e me despedi.

Sumiço, insistência e persistência; Te trouxe aqui.

Raça negra.

Sem sentimento bebê! 

Tão ingênuo, já estava ali 

Você querendo ser escuro e eu forçando a ascender.

Você maltratando a si mesmo e eu chamando por você.

Você fugindo de si e eu sem querer, achei você...

Amaciante.

Esse cheiro, esse cheiro me faz sentir em casa

Sua casa esta perdida, em ruína e isso me assusta um pouco mais que deveria

Mas estou aqui.

Eu fiz uma promessa, eu fiz um pedido

Você costumava ser a pessoa que desejou, obviamente não era a pessoa certa 

Hoje, a pessoa certa esta em você e você ainda insiste em sufocá-la

A vida, bate sem dó em quem sufoca o ser.

Querendo ou não, todas suas decisões te trouxeram até aqui.

Então, levante, busque a armadura guardada e lute!

Não perca mais tempo tentando fugir.

>>>Para um encantador de cavalos<<<