segunda-feira, 20 de maio de 2019

A lista.


A pergunta foi feita a ela, ecoou na alma, junto a relutância em responder...
Vc já se sentiu desejada?
Era uma pergunta simples, ele não queria saber qual realmente seria a resposta.
Para ela?
Pensou, respirou fundo e em seguida fez uma lista, uma lista de tudo que não aconteceu e que ela conseguia lembrar, para que, de alguma forma o nunca não mencionado parasse de ecoar...

Lista de Nunca’s:
-Nunca foi a primeira, a escolhida e esperada.
Nunca fui, acho que nem minha primeira escolha era eu. (Lembrou da escola, onde nunca era escolhida e de um dia específico em que fez um desenho onde o tema era folclore, era um tipo de competição para quem ganhasse todos da sala pintariam o mesmo desenho, o ganhador. O dela estava ótimo e com ctz ganharia, mas na hora de votar faltou um único voto e, de quem era esse voto? O dela.)

-Nunca tive absoluta certeza, de nada.
Embora, no programa do Chaves, diga que só os idiotas tem certeza absoluta das coisas, digamos que nunca fui uma idiota.
Sufoco minhas duvidas e algumas irei levar para o tumulo...

-Nunca fui fria.
Mesmo aparentando ser ela sabia a verdade, era um vulcão de sentimentos e tudo que eles podem fazer, mas aprendeu disfarçá-los. Principalmente quando mostrá-los significaria se abrir ao outro.

-Nunca sentiu amor de pai.
Mesmo que algum sua mãe lhe suprisse a gente sabe que não faz diferença alguma, mas uma hora sente essa falta. (Nesse nunca havia uma ementa que outro dia ela irá falar).
-Nunca despedaçou alguém.
Esse era um nunca do qual ela tinha orgulho, mas havia sido despedaçada tantas vezes que hora ou outra chegava a pensar se esse nunca não era mesmo normal.

E o nunca ao qual fugia? Aquele ela nunca dizia?

*Nunca se sentiu desejada.*
Como assim? Só pode estar enganada!
Tirando os desejos momentâneos, parecido com o desejo de fome ou parecido com o de comprar algo onde se espera até ter o dinheiro, genuinamente desejada não se sentiu.

Ao fim da sua lista, sabia que havia muito mais ali, muitos nunca’s não mencionados, muitos  nem admitidos.
Sempre haverá nunca’s.